Treine para deixar ir o que não é seu
“Sempre que você sentir as dores de perder algo, não o trate como uma parte de si mesmo, mas como um copo frágil, de forma que quando ele cair, você se lembrará disso e não ficará preocupado. Assim também, sempre que você beijar seu filho, irmão ou amigo, não coloque em cima da experiência todas as coisas que possa desejar, mas detenha-as e pare-as, assim como aqueles que andam atrás de generais triunfantes os lembram que são mortais. Da mesma forma, lembre-se que o seu precioso não é um dos seus bens, mas algo dado por agora, não para sempre. . .”
EPICTETO, DISCURSOS, 3.24.84– 86a
Imagine que você gastou 1000 reais num pacote de viagem, mas que depois que comprou achou uma outra viagem melhor por 500 reais e também comprou esse pacote. Agora imagine que as duas viagens são na mesma data e você não pode receber o dinheiro de volta nem revender nenhuma das viagens. A qual das duas viagens você iria? Este mesmo experimento foi realizado por Hal Arkes e Catherine Blumer em 1985: mais da metade dos participantes escolheram a viagem mais cara, embora a mais barata fosse melhor. O que está rolando aqui é o medo à perda. É uma decisão totalmente ilógica, já que todo o dinheiro já foi gasto, mas temos a sensação de que aproveitar a viagem mais cara doe menos.
O medo à perda é um dos vieses psicológicos mais fortes no ser humano. Uma das formas de combati-lo é desapegar do que não é nosso, que é quase tudo. Os comandantes romanos que chegavam vitoriosos, se faziam acompanhar por ajudantes que ficavam sussurrando em seu ouvido “lembre que você é mortal”, enquanto todo o povo o aclamava pela recente vitoria. Lembremos que nada do que temos é nosso, que viemos ao mundo sem nada, somos mortais, e sem nada iremos embora.
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