O viés de auto-atribuição
Já reparou em que todo mundo ao seu redor erra, menos você?
Se você reprova numa matéria a culpa é do professor que lhe persegue. Se determinado investimento não deu certo foi a má sorte (ou, se você for socialista, jogará a culpa em algum “malvado capitalista” que manipulou o mercado).
Bem, não é bem assim. O que acontece, na verdade, é que seu senso de auto-estima é bastante sensível e lhe impede de reconhecer certas situações como o que são: puros e simples erros seus.
O mecanismo responsável por esta forma de “pensar” é o chamado viés de auto-atribuição. Ele consiste, básicamente, em atribuirmos os bons resultados que obtemos, em qualquer campo, à nossa especial habilidade. Mas ao mesmo tempo atribuirmos os maus resultados à má sorte ou a fatores externos (os políticos, o vizinho, meu chefe, meu cunhado, etc.).
Se você joga uma moeda pro ar e sai cara, foi habilidade, mas se sai coroa foi má sorte.
Se você ainda acha que com você não acontece isso, pense nas discussões com sua cara metade. Quem é o culpado das brigas a maior parte das vezes? Se você acha que não é você, sinto lhe dizer que você está sendo vítima do viés da auto-atribuição.
E ele é um dos maiores obstáculos para o aprendizado, pois nos impede reconhecer os erros como o que são: puros e simples erros.
Em uma leve variação do viés da auto-atribuição, algumas pessoas realmente acreditam que a sorte não existe.
Nestes casos, quando as coisas dão certo para eles, atribuem seu sucesso à sua habilidade ou capacidade superior. E ao mesmo tempo atribuem as falhas dos outros à falta de esforço, preguiça ou negligência.
Isto, além de ser falso, é muito injusto.
A sorte existe porque existem eventos imprevisíveis, que nem você nem ninguém consegue controlar.
O que falta nesta equação para podermos avaliar um resultado é o processo que nos levou àquele resultado.
Para isto podemos utilizar um quadro muito simples, mas muito útil, chamado de matriz de decisões.
Bom processo | Mal processo | |
Bom resultado | Habilidade | Sorte |
Mal resultado | Má sorte | Erro |
A matriz tem em conta 2 parâmetros (processo de decisão e resultado) e lhe dá a causa daquele resultado
Se você obteve um bom resultado com um bom processo, pode dizer que foi sua habilidade a responsável pela façanha (embora poderia teria sido sorte também).
Se você obteve um bom resultado com um mal processo, essencialmente você teve boa sorte e pode se considerar um tolo com sorte. Mas não se preocupe, você não é o único.
Se você obteve um mal resultado com um bom processo, a causa foi a má sorte. Entenda que estes casos existem e não devem lhe fazer desistir ou mudar seu processo.
E finalmente, se você obteve um mal resultado com um mal processo, pode dizer que houve justiça, e que você errou.
Este último caso, quando reconhecido, é o que mais nos faz crescer. Aproveite-o para aprender com seu erro, mude seu processo e, se fizer isto repetidas vezes, você sairá na frente da maioria das pessoas.
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